sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

ainda por um São Paulo x Rio - VII

Os intelectuais entram em campo
Embora em 1904 o futebol ainda fosse desconhecido para a ampla maioria dos brasileiros, o grande interesse popular que atraía em São Paulo levou até mesmo Monteiro Lobato, então acadêmico de direito, a se referir a ele numa carta a Godofredo Rangel, em 11de julho: "(...) o último gol do Paulistano provocou a maior tempestade de aplausos jamais conhecida em São Paulo(...)"..E do mesmo Lobato, um discurso fervoroso em 1905 após assistir a jogos entre paulistanos e ingleses: Apesar disso, o futebol ainda estava longe de suscitar grandes paixões que extrapolassem o âmbito esportivo. Intelectuais e escritores -- caso de Amadeu Amaral, Sylvio Floreal, Hilário Tácito-- apenas esparsa e timidamente o registravam em seus escritos: quando muito, admitiam e exaltavam a plasticidade do jogo, a elasticidade das jogadas, a empolgação dos que praticam e assistem as partidas . Mas já pelo final da década de 1910 e início de 1920, dava-se a dedicação documental-historiográfica de Antonio Figueiredo e Leopoldo Santana , um marcante envolvimento de Menotti Del Picchia --registrando-o em poemas, documentando-o no roteiro do primeiro filme do cinema brasileiro sobre futebol, “Campeão de futebol”, que homenageava Friedenreich, valorizando-o na frase “o Corinthians é um fenômeno sociológico a ser estudado em profundidade” -- referências de Cassiano Ricardo, a simpatia de Raul Bopp -- em artigo sobre o “élan magnético” que o atraía para o futebol -- e sobretudo o ‘fervor’ de Alcântara Machado -- não só pelo famoso conto “Corinthians (2) vs. Palestra(1)”,mas por uma relação direta com a difusão dos esportes no Brasil, fundador da primeira Liga Atlética Acadêmica do Brasil, “uma entidade poliesportiva devotada à propaganda, à prática e ao apoio de todas as formas de cultura física, vista como chave para se entrar na vida moderna propriamente dita”-- o completo envolvimento de Francisco Rebolo --artista plástico e jogador de futebol , e um dos pioneiros na luta pela incorporação do negro no futebol brasileiro -- a motivação de Candido Portinari – nas duas famosas séries de trabalhos “Futebol em Brodósqui” -- dos artistas Rodolfo Chambelland , André Lhote , Antônio Gomide.

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