quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
ainda por um São Paulo x Rio - VI
[O futebol , os literatos e duas cidades ]Mas, de acordo com interpretações históricas, um dos proeminentes vetores da popularização do jogo de futebol teria sido resultado direto da intervenção dos patrões, das autoridades, do Poder Público — no Rio, como contraposição à capoeira, já prática proibida ; em São Paulo, como antídoto contra as greves : a emergência e fortalecimento do movimento operário por volta de 1917 ‘revelou’ ao governo e aos empresários que a cidade precisava de “um esporte de massas”(sic); os operários seriam então ‘mandados a jogar futebol’, para o que os patrões “deveriam construir grounds”. O futebol constituiria assim um eficiente instrumento ‘disciplinador’ utilizado e patrocinado pelos industriais “para ordenar os trabalhadores e dinamizar a produção”, “um ensinamento de disciplina e de harmonia” — o esporte sendo muito mais uma imposição ou uma ‘dádiva’, muito menos prazer e desejo e iniciativa de quem o praticava.
Ao mesmo tempo, em São Paulo os campos de futebol se tornaram importante elemento na caracterização das vilas operárias, que eram consideradas “espaços de ordenação”: o futebol ajudava a manter o operário “em ordem e disciplina, livre do caos e da desordem” e proporcionava aos trabalhadores “o relaxamento necessário para depois produzirem mais e melhor...”.
Um mais abrangente pano de fundo histórico registra que, pela necessidade de um re-ordenamento geral de todo o contexto social, o futebol passou a ser catalogado como parte do processo modernizador e o desenvolvimento de práticas esportivas considerado uma forma de atenuar as tensões políticas. Nacionalismo e autoritarismo constituíam-se em eixos fundamentais tanto na prática política quanto na obra de vários intelectuais brasileiros. Para estes, a República até então não havia sido capaz de forjar uma verdadeira nação, já que, entre outros motivos, os particularismos regionais ainda eram dominantes. Assim, para os setores que exerciam o domínio político no país, uma tarefa urgente se impunha : construir a nação brasileira – e para tal, o futebol, com sua extraordinária adesão popular, foi sem dúvida um excepcional instrumento.
Ao mesmo tempo, em São Paulo os campos de futebol se tornaram importante elemento na caracterização das vilas operárias, que eram consideradas “espaços de ordenação”: o futebol ajudava a manter o operário “em ordem e disciplina, livre do caos e da desordem” e proporcionava aos trabalhadores “o relaxamento necessário para depois produzirem mais e melhor...”.
Um mais abrangente pano de fundo histórico registra que, pela necessidade de um re-ordenamento geral de todo o contexto social, o futebol passou a ser catalogado como parte do processo modernizador e o desenvolvimento de práticas esportivas considerado uma forma de atenuar as tensões políticas. Nacionalismo e autoritarismo constituíam-se em eixos fundamentais tanto na prática política quanto na obra de vários intelectuais brasileiros. Para estes, a República até então não havia sido capaz de forjar uma verdadeira nação, já que, entre outros motivos, os particularismos regionais ainda eram dominantes. Assim, para os setores que exerciam o domínio político no país, uma tarefa urgente se impunha : construir a nação brasileira – e para tal, o futebol, com sua extraordinária adesão popular, foi sem dúvida um excepcional instrumento.
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