sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

ainda por um São Paulo x Rio - IX

O modernismo pareceu à primeira vista lidar com certa cautela e muitas reservas, casos de Mario de Andrade e Oswald de Andrade – quando não, com explícita antipatia, como foi o caso de Graciliano Ramos – diante do crescente e contagiante processo de popularização de um esporte de origem e teor eminentemente europeus. Mas a tradução e a decodificação sofrida pelo futebol ao longo das décadas de 1920, 1930 e 1940, metamorfoseando-se de esporte elitista estrangeiro em esporte nacional-popular, possibilitou aos escritores modernistas da segunda fase uma paulatina alteração no enfoque do fenômeno, ainda que não de uma maneira unânime e consensual . A relação dos esportes com a identidade da nação tornara-se decisiva, acionando a idéia de “uma unidade nacional que tinha a seleção brasileira como uma das instâncias principais de representação simbólica”, coincidindo com um projeto de configuração do “Estado-nação” de Getulio Vargas E em consonância com a noção de antropofagia desenvolvida por Oswald de Andrade em seu manifesto de 1928, Gilberto Freyre identificou no futebol um exemplo indubitável da capacidade do brasileiro de transplantar, de assimilar e de reinterpretar os inúmeros produtos que historicamente vinham importados e impingidos da Europa.

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