domingo, 6 de setembro de 2015

abre-se a XVII Bienal do Livro do Rio de Janeiro - II

A propósito de leitura e livro,impresso e digital
Bienal do Livro, feiras e festas literárias, eventos específicos : todos deveriam – a maioria o faz atualmente, inclusive a Bienal (embora ainda incipiente e timidamente...) – convergir para um propósito, diria melhor um plano efetivo de incentivo e fomento `a leitura : de resto, o maior problema entre as várias vicissitudes culturais do País.
Índices e aferimentos oficiais ou oficiosos sempre dão conta do paupérrimo status de leitura no Brasil : um irrisório padrão estatístico médio ... 2 livros por ano (!) por cada brasileiro.
Só que : a concreta (e alvissareira, em dado aspecto) realidade de hoje faz questionar tal índice – os levantamentos,pesquisas e computações retratam,reportam-se e registram única e exclusivamente os dados inerentes a livros impressos – sem catalogar, até porque não existem ainda mecanismos para tal, esses mesmos dados para os livros digitais e todas as formas e meios de leitura intensamente,e irreversivelmente, presentes hoje, no meio digital: tablets,iPads,iPhones,portais,sites, diversos links pela internet e demais plataformas .
Vou adiante para uma desafiadora observação: lê-se mais que as (incompletas) estatísticas apontam; e produz-se e lê-se muito mais hoje no Brasil, e em todas faixas etárias e todos os tipos de textos !
-- não apenas no Brasil : nunca na História do mundo leu-se e escreveu-se tanto como agora.
Então : o digital faz crescer os índices de leitura no Brasil ! quando sustento que lê-se muito mais no meio digital do que revelam as simples(e incompletas ) estatísticas – basta citar o quanto de textos,obras e narrativas literárias que se abrigam,e são consultadas e 'downloanizadas' por milhares de pessoas diariamente, nos portais e sites de literatura,em blogs, nas redes sociais como um todo [ posso falar 'de cadeira'- ou de cnexão (sic) -- devido ao que veiculo no meu Caixa de Pandora [http://pandorawiki.blogspot.com.br/],e no Diário das Letras\Facebook, e pelo que nessa mídia exponho de matéria literária.]
As ações e realizações em blogs, portais, sites, nas redes sociais constituem exemplos claros, taxativos de algo que vem sendo chamado de narrativas digitais, literatura eletrônica ou narrativas em rede, caracterizada basicamente por interatividade, hipertextualidade,a não linearidade, a multimídia -- contundente,e inquestionável prova de como o criar textos literários, construir narrações,contar histórias vem sendo remodelado com e pelas novas tecnologias,gerando em especial novos,e nunca tão dinâmicos na história cultural,modos,meios e formas de leitura,conhecimento.aprendizado,entretenimento, lazer e de novos comportamentos.
Vale dizer, obras e textos em mídias, veículos e suportes outros que não aqueles metódica e estatisticamente computados.
Tudo, enfim, a exigir reflexões, e firmes reformulações de conceitos -- e de práticas...

abre-se a XVII Bienal do Livro do Rio de Janeiro - I



A propósito da Bienal do Livro – e de feiras e festas literárias
A cada ano, quando da realização de Bienal do Livro – como agora, de 03 a 13.09, no Rio de Janeiro – reportamo-nos às discussões e análises que ora se dão,gradativamente com maior intensidade, com relação à Bienal do Livro -- cujas últimas edições, em São Paulo e no Rio de Janeiro, , mostraram-se esvaziadas ,’fisicamente’\’materialmente’, por parte e no seio do próprio meio editorial-livreiro, haja vista p. ex. grandes editoras estarem ausentes,sob argumentação de "custos exorbitantes" e "parcos resultados", e conceitualmente por força do crescente pensamento crítico quanto ao tradicional "modelão”,ou "formatão" da Bienal (assim são definidos pelos profissionais do ramo), ao mesmo tempo em que as atenções se voltam cada vez mais para os eventos regionais, essa profusão (benéfica,digo eu) de festas e feiras pelo país: Belém, Fortaleza,Recife – a Fliporto -- Ouro Preto, Paraty- a Flipp – Poços de Caldas, Porto Alegre,Passo Fundo (esta, lamentavelmente suspensa em suas duas últimas edições...); além da Primavera dos Livros.
Com efeito, as diversas festas e feiras literárias regionais e específicas que se multiplicam pelo país a cada ano, constituem-se claramente em geradores de elementos de reflexão acerca de eventos literários e de novos cenários, ou novas vertentes dos cenários editorial e livreiro,por extensão literários, do país – a proliferação de eventos e feiras de livros contrapostos por suas estruturas,escopo,focos e enfoques, ‘conceitualmente’ à Bienal e seu formato tradicional.
Via de regra, todos transcendem o modelo comum de eventos de exposição e venda de livros para se constituírem em notáveis cenáculos temáticos, expressos em painéis, palestras, breves simpósios, mesas-redondas,oficinas, depoimentos – muitos voltados para a Leitura,seus fomento,estímulo e prática.
Oferecem, de resto, o que faz parte das proposições preconizadas pelos intentos de reformulação conceitual da Bienal.
Persiste o intento, entre editores, livreiros e profissionais do setor, de fortalecimento e incremento a esses eventos regionais, os quais -- tanto por suas próprias concepções como pelas efetivas programações realizadas até aqui --têm oferecido os elementos de uma presente reflexão conceitual sobre a Bienal : constituir-se menos em cenários de venda e exposição de livros e mais de incentivo a leitura – certo é que nas últimas edições a Bienal tem, embora de modo incipiente e algo disperso, incrementar certos painéis,mesas-redondas, debates, até mesmo ligeiras oficinas acerca de temas específicos, reflexões sobre literatura, promoção da leitura,etc.
Mais uma vez, o momento é propício e oportuno para o deslanchar de reflexões,meditações amplas e profundas,reformulações de pensamentos e concepções,e sobretudo ações concretas de superação de incompreensões e distorções conceituais..
→ Em minha opinião, ainda vejo extrema validade na Bienal -- mesmo sob as formas de seus 'modelão,formatão'; sendo como sempre frequentada pelos contingentes daqueles parcos e raros leitores para os quais todas as pesquisas apontam a média de leitura de ... 2 livros por ano (!); ainda que com as características de ‘feirão’,cenários circenses, etc -- evidentemente admitindo, e concordando plenamente, com a necessidade de certas alterações, ajustes, como em especial o incentivo maior a realização de oficinas,painéis,debates, etc. A validade que sustento tem em vista o chamado 'grande público', por força do comprovado fato de a Bienal representar a contrapartida real,concreta, a um tipo de comportamento desse '(não)leitor comum': sua relação com a livraria, tida e vista por ele como uma espécie de 'templo sagrado', espaço ‘sacralizado’ -- apesar de tudo em termos de atrativo,utilidade, conforto, etc que as livrarias oferecem hoje (café,poltronas,ambientes de leitura,etc) -- a inibi-lo e refrear sua possibilidade de chegar ao livro.
A Bienal, justamente por seu ‘modelão’ -- que de resto permite uma exposição mais abrangente quase completa, do conjunto dos acervos de editoras -- por seus cenários 'populares' e descontraídos[sic], propicia um sensível processo de dessacralização.