- a propósito da descoberta recente de poema inédito de Machado de Assis
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Pesquisador dedicado a literatura brasileira
(oitocentista e parte novecentista), ensaísta, articulista, escritor ( autor de
11 livros impressos e 5 e-books), em
meus trabalhos – pesquisas, estudos; artigos,ensaios, palestras, conferências,
e mormente livros – priorizo, melhor dizer torno exclusivo, fazendo disso o
próprio leimotiv de minha atividade
intelectual e autoral., o approach da
diferenciação, no que se refere ao inédito, ou pouco conhecido e divulgado, ou
estudado e publicado, etc. -- investigados,pesquisados, identificados e
recolhidos os textos e escritos nessa
condição em suas respectivas fontes primárias , vale dizer nos periódicos –
jornais, revistas, almanaques, álbuns - dos respectivos tempos de suas
veiculações originais. O vasculhar e o ‘garimpo’ em fontes primárias constituem
per se o mote e força motriz que rege
e impulsiona meus projetos e programas literários.
Nos periódicos encontra-se, e neles
arregimento, o material básico, a matéria bruta – melhor : a matéria- prima (no mais elevado sentido) –
com que trabalho, a massa e argamassa com que construo meus escritos e obras.
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De
Machado de Assis, o conto até então inédito, dado como desaparecido – tudo
indica que por sua temática e elementos
de trama plenos de sutileza -- “Um para o outro”, publicado em A Estação julho-agosto 1879, que incluí
no livro Contos de Machado de Assis :
relicários e raisonnés (PUC-Rio\Loyola, 2008), veio de um longo trabalho
investigativo desenvolvido durante 6 anos – no caso, com foco exclusivo em uma
única fonte primária, o citado jornal.
--publicado originalmente
nos folhetins de 30 de julho, 15 e 30 de
agosto, 15 e 30 de setembro e 15 de outubro de 1879 em A
Estação, o conto “Um para o
outro” , dado como perdido,jamais fora
incluído até então em qualquer antologia,coletânea,seleta ou edição em volume.
A
par do citado livro pela ABL, 2014, ainda referente a Machado de Assis,
debruço-me há mais de um ano no jornal O
Parahyba – periódico de excepcional atuação e extrema importância para a
história jornalística e cultural brasileiras, e pouquíssimo conhecido e estudado, fundado e
publicado na cidade de Petrópolis,Rio de Janeiro, caracterizado por um
acervo de idéias "progressistas", abrigando, no campo político, teses
e posturas liberais pouco comuns então, como p. ex. a educação, questões
econômico-financeiras, problemas fundiários e de colonização de terras,além de
aspectos ligados a costumes e comportamentos e tratamento de temas pouco
enfocados, alguns considerados ‘difíceis’ ou delicados(como p. ex. a situação
da mulher na sociedade).
Assim foi, p. ex., nos contos políticos, inclusos
os chamados “argelinos” de Lima Barreto, os quais publicados em apenas uma
coletânea – a 2ª. edição de Histórias e
sonhos, 1951 (e não na primeira, de 1920) --portanto ‘semi-inéditos’,
conferi com os respectivos textos veiculados originalmente em Careta(1914; 1915; 1919; 1920;1921;1922;
1924 - postumamente) e no Correio da
Noite (1914), nos quais aliás encontrei, em algumas crônicas, trechos
diferentes dos publicados na coletânea, e apontando-os vis a vis uns com
outros incorporei-os no livro Lima Barreto e política : os “contos
argelinos” e outros textos (PUC-Rio\Loyola, 2010)
Do mesmo modo, com os textos compondo o livro Escritos
de Euclydes da Cunha: política, ecopolítica, etnopolítica (PUC-Rio\Loyola,
2009), captados em livros e seletas publicados, mas verificados um a um nos
respectivos veículos originais, nos jornais A
Província de São Paulo,1888-89; Democracia,
1890; O Estado de S. Paulo, 1892-97,
1900, 1904; Jornal do Commercio,
1907; O Paiz,1908; na revista Kosmos, 1906; no Almanaque Brasileiro Garnier, 1908.
Também com as crônicas machadianas, de duas séries
escritas para a Gazeta de Notícias,
respectivamente em 1886 e em 1886-87, publicadas em um livro e em uma coletânea
(‘semi-inéditas’, pois) , que devidamente confrontadas e verificadas com os
originais nas fontes primárias, foram reunidas no livro Crônicas de Machado de Assis : “A + B” e “Gazeta de Holanda”
(PUC-Rio\Loyola, 2010).
Por
sua vez, Arthur Azevedo, que sempre despertara em mim marcante atração sob o
ponto de vista literário, propiciou-me, e tem propiciado, o desenvolvimento de
um (intensivo ) programa de pesquisa e de produção de obras focados
essencialmente na recolha e recuperação de nada menos do que 95% de suas
crônicas e cerca de 25% de seus contos, até agora inéditos em livro ou outro
meio, inclusive digital, somente publicados em periódicos de distintos
períodos, abrangentes de um leque cronológico de 1872 a 1908 : dele,
incorporei 5 contos inéditos,
originalmente em O Mequetrefe, 1884,
em A Rua, 1889,
no Almanaque do Comércio,
1887, na Kosmos, 1906, no Almanaque Brasileiro Garnier, 1910, no
livro Contos de Arthur Azevedo : os
“efêmeros” e inéditos (PUC\Loyola, 2009); e incluí um conto inédito,
“Aventuras de um adolescente.” recolhido de A
Vida Moderna, março 1887, incorporado ao livro e e-book que publiquei em
2012 Arthur Azevedo : Cenas da comédia
humana - contos em claves temáticas (Imã Editorial); 49 crônicas, nunca divulgadas,abrigadas no
livro Arthur Azevedo : crônicas
(inéditas) em A Vida Moderna 1886-87 (ABL, 2013); 15 contos, no e-book Arthur Azevedo : contos inéditos, em produção (Foglio\Objetiva);
recolhi e organizei um conjunto de 20 contos
e 20 crônicas (inéditos em livro) publicados
em O Rio-Nu, 1903, jornal humorístico, sarcástico,satírico,mas também de
crítica social e política, que fazia o
maior sucesso no início do século XX no Rio.
Na
verdade, o vasculhar e garimpar permanentes, sistematizados, concatenados,
consistentes, em periódicos
coaduna-se com a própria conceituação do periódico como
veículo de registro e até intervenção nos fatos,episódios e processos de seu
tempo, e sua relevância como fonte inesgotável
para estudos de história,literatura,artes, cultura, política,
sociologia, etc.: nos estudos literários, especificamente, são cada vez mais
recorrentes para efeito de investigação
e pesquisa , pesquisadores e estudiosos de literatura debruçando-se crescente e
intensamente sobre esses verdadeiros mananciais de informações , muitos até
inexplorados, para constituir ou reconstituir a história literária.
Em
suma, constituintes, desde sempre, do cenáculo basilar de meus estudos e
atuação literários, periódicos - e a consulta, investigação, pesquisas neles
- permanentemente pautaram\pautam,
pontuaram\ pontuam, permearam\permeiam, impulsionaram\impulsionam minhas idealizações,
projetos e realizações em literatura brasileira.
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