sábado, 18 de agosto de 2012

um espectro entre novos modelos e conceitos


Bienal do Livro, esvaziada ?   

Assim parece, nesta Bienal do Livro de São Paulo,2012: e por parte e no seio do próprio meio editorial-livreiro, haja vista p. ex. grandes editoras estarem  ausentes,sob argumentação de "custos exorbitantes" e "parcos resultados" -- vale dizer, relações custos-benefícios passam a ser econometricamente avaliados (eu, em muitos anos de atividade em editoras nunca vira tão rigorosa preocupação...muito bom isso agora). A par disso,ou por isso e inerente a isso, é crescente o pensamento – crítico -- quanto ao tradicional "modelão”,ou "formatão" (assim são definidos pelos profissionais do ramo) da Bienal do Livro, ao mesmo tempo em que as atenções se voltam cada vez mais para os eventos regionais, essa profusão(benéfica,digo eu) de festas e feiras pelo país: Belém, Fortaleza,Recife,Ouro Preto, Paraty, Porto Alegre,Passo Fundo (estas duas últimas bastante tradicionais, já de longa data) . Persiste mesmo o intento, entre editores, livreiros e profissionais do setor, de fortalecimento e incremento a esses eventos regionais , os quais -- tanto por suas próprias concepções como pelas efetivas programações realizadas até aqui --têm oferecido os elementos de uma presente reflexão conceitual sobre a Bienal : constituir-se menos em cenários de venda e exposição de livros e mais de  incentivo a leitura : as feiras regionais com efeito oferecem,de resto, o que faz parte das proposições preconizadas pelos intentos de reformulação conceitual da Bienal, traduzida por maior incidência de painéis,mesas redondas,debates e oficinas em torno da literatura,do livro e da leitura.

 O que eu acho : ainda vejo extrema validade na Bienal -- mesmo sob as formas de seus  'modelão,formatão'; sendo como sempre frequentada pelos contingentes daqueles parcos e raros leitores para os quais todas as pesquisas apontam a média de leitura de ...  2 livros por ano(!); ainda que com as características de ‘feirão’,'mafuá',cenários circenses, etc  -- evidentemente admitindo, e concordando plenamente, com a necessidade de certas alterações, ajustes, como em especial o incentivo maior a realização de oficinas,painéis,debates, etc. A validade que sustento tem em vista o chamado 'grande público', por força do comprovado fato de a Bienal representar a contrapartida real,concreta, a um tipo de comportamento desse '(não)leitor comum': sua relação com a livraria, tida e vista por ele como uma espécie de 'templo sagrado', espaço de sacralização ---apesar de tudo em termos de atrativo,aconchego,utilidade, etc que as livrarias oferecem hoje (café,poltronas,ambientes de leitura,etc) -- a inibi-lo e refrear sua possibilidade de chegar ao livro. Na Bienal , justamente por seu ‘modelão’ -- que de resto permite uma exposição mais abrangente quase completa, do conjunto dos acervos de editoras -- por seus cenários  'populares' e  descontraídos[sic], propicia um sensível processo de dessacralização.
 Mas... por outro lado -- ou acima de todos os lados -- um espectro ronda (alvissareiramente, saúdo eu) a Bienal e as livrarias, por extensão as editoras, a totalidade do mundo editorial-livreiro : o e-commerce, notável em sua propriedade(benfazeja,enfatizo) de mudar a relação do leitor,e do produtor e do revendedor, com o livro -- dinamizando-a,enriquecendo-a,valorizando-a, aprimorando-a.

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