quinta-feira, 9 de abril de 2009

Em tempos de Twitter


reflexo e realidade de nossa era, temos hoje cada vez mais (compulsoriamente ?) praticada,cultivada e incentivada , aí está o Twitter que não me desmente nem contradiz, a chamada leitura fragmentária – que segundo seus cultores e entusiastas poderá ser, ainda assim, uma experiência prazerosa e informativa. Parte-se da premissa – ou do pressuposto – de um texto por definição e natureza, funciona de maneira diferente para cada leitor.
então,absorva essa realidadee assuma seu papel de ...“leitor salteado”

Se vc. não consegue se concentrar muito tempo numa leitura , se quando entra na internet,p. ex., abre várias telas ao mesmo tempo e muda a direção de sua atenção freqüentemente , e isso lhe preocupa\angustia : não se desespere – ‘seus problemas acabaram...’. O fato de estar divagando entre diferentes universos não é necessariamente algo ruim. Para o escritor argentino e professor de literatura de Princeton, Ricardo Piglia , trata-se apenas de um novo momento da "experiência da leitura", ou melhor uma retomada de um conceito anterior : o leitor que assume a interrupção como parte da narrativa já foi antecipado por seu conterrâneo Macedonio Fernández (1874-1952), considerado principal inspirador do grande,incomparável Jorge Luiz Borges , com o conceito de "lector salteado" -um leitor intermitente, que pula de um assunto para outro ou se dispersa facilmente.
O conceito, criado por Macedonio nos anos 20, em um livro intitulado Museo de la Novela de la Eterna, estabelece uma série de categorias de leitores,entre as quais o "lector salteado". Que é um retrato do leitor atual, que não é mais aquele que se encontra isolado, concentrado e lutando contra a interrupção, mas que entra e sai do texto, se move, interage com o que está ao redor, vai de um livro a outro ou a outros textos mais rápidos que lhe surgem pela internet. É um leitor que assume a interrupção como parte da narrativa. Macedonio captou o processo que ia se desenvolver e que levaria à fragmentação da experiência da leitura, que supõe um corte com a lógica linear da significação. Isso não seria algo negativo, a princípio, mas um novo tipo de situação de leitura.
A professora Shirley Carreira, da Unigranrio-RJ, diz que, como o "lector salteado", o leitor contemporâneo vasculha a internet por links para textos que ampliem seu universo de leitura, "ou que possam conferir a quem lê significados mais amplos, que transcendam o texto".O professor Waldemar Ferreira Netto, da USP, que vê a si próprio como um leitor "salteado", sustenta que "o texto de ficção parece assumir o mesmo caráter do texto técnico, para o qual uma leitura linear não é bastante."O professor Biagio D'Angelo, da PUC-SP, observa que "o leitor "de" Borges é uma figura especial, disponível a saltos ficcionais incríveis, assim como o leitor "em" Borges, nesse caso um leitor que se perde em labirintos sem solução de continuidade e que reenviam de um livro ao outro, como na idéia de internet à qual estamos acostumados."

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