quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

a quem me lê

desnecessário e dispensável explicar a importância do leitor para que se produza um texto,ou uma obra -- a Literatura ,como "sistema orgânico" conforme a concepção formulada por mestre Antonio Candido,só existe e se faz se a um autor\emissor houver a derradeira instância do leitor\receptor,travando-se um diálogo in absentia e estabelecendo interatividade [ aqui mesmo,neste espaço,busca-se essa sinergia, a almejada simbiose que em diversas nuances pode oferecer ,a la Borges,um instigante\estimulante ' jogo de máscaras e espelhos':aliás, a Caixa de Pandora é assim mesmo,fadada a criar esses mecanismos inferenciais] . ou,segundo a linguagem da Teoria Literária ,desenvolvendo-se, ou a se desenvolver, idealmente a conexão narrador-narratário.
sim, porque há leitores e leitores. existe o leitor empírico,aquele que de fato está lendo o texto ou a obra , que não é necessariamente aquele a quem o texto ou a obra se endereça, aquele que o autor tem em mente ao escrever.Umberto Eco,em Seis passeios pelos bosques da ficção (Companhia das Letras,SP,1994), afirma que todo texto "é uma máquina preguiçosa pedindo ao leitor que faça uma parte de seu trabalho", daí existindo um leitor pressuposto para o texto ou a obra, e adota o termo leitor-modelo, um leitor com determinada soma de informações,conhecimentos,crenças e expectativas que passa a participar da construção e da tecelagem do texto ou da obra.
ao leitor-modelo umbertiano integra-se ,como agente simétrico, o autor-modelo --- a voz anônima que conta a história,mas não se confunde com o narrador,nem com o autor.

o que quero dizer com tudo isso ? conclamar e reunir leitores empíricos,leitores-modelo e autores-modelo.e dizer que vc. também é autor destas linhas.

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