segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

a quem lê ,ou vir a ler,o maior dos escritores


na esteira da mensagem anterior-- e passamos então a pisar um terreno muito mais elevado -- pois saibam que existe um autor,habitante-mór desse terreno superior e perpetuado em todas as latitudes, que construiu em seu texto e por meio dele um novo leitor-modelo. até porque segundo Umberto Eco há textos que querem produzir um leitor novo e textos que apenas procuram ir ao encontro do desejo dos leitores tais como eles são, obras que visam atender aos leitores-modelos existentes e obras que buscam criar um novo leitor-modelo . Machado de Assis faz isso em Memórias póstumas de Brás Cubas e a partir daí em todos seus romances posteriores e em inúmeros contos -- afinal, é sua fase mais criativa e antológica(como se as anteriores não o fossem inventivas e grandiosas)., de forma e de linguagem . Construiu seus leitores recorrendo a estratégias temáticas,tramáticas,narrativas,estilíticas que só ele ,mais ninguém,tinha e sabia usar-- entre essas estratégias ,as digressões,fragmentações narrativas,retardamentos de fatos anunciados ou prometidos ao leitor, metamorfoses de vozes narrativas : elementos, de resto inerentes ao 'shandismo' e à sátirea menipéia que foram os mentores e vetores do historico processo de inflexão machadiano da década de 1880.Como poucos, Machado descondicionou o leitor empírico do leitor-modelo, como ninguém na literatura brasileira 'desconstruiu' essa relação, embora via de regra seja ela utilizada para que o leitor chegue aonde o autor deseja. Mas Machado,não satisfeito,na esteira desse 'dissídio' fez o leitor(o empírico) oscilar em "grave"-- que espera algo mais do que um 'simples texto', ou um 'puro romance', ou uma 'obra correta',um leitor que deseja reflexões de caráter mais realista-- e "frívolo"-- que espera impactos e emoções no texto ou na obra,um leitor de tipo romântico.Ora graves ora frívolos, esses leitores são por assim dizer 'transportados' para dentro mormente dos romances Brás Cubas e Quincas Borba[em Dom Casmurro e Esau e Jacó essa oscilações e faz predominar o grave ] e para a maioria dos contos do período 1882-88.E mais : da mesma forma levou-os também para dentro de crônicas, oscilando-os em "Balas de Estalo"(1883-86), "A + B" (1886), "Gazeta de Holanda"(1886-88),"Bons Dias !"(1888-89),mas em absoluta simetria com os dois últimos romances acima citados privilegiando o grave a partir de 1892 em "A Semana".

bem, Machado é Machado,sabemos todos...

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