sábado, 6 de setembro de 2014

a propósito da Educação no Brasil:

[ pela notícia (04.09.2014) de que "Ensino médio piora, aponta Ideb"]
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Lima Barreto, no início do século XX, já traçava um retrato (crítico, claro)
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As críticas e reflexões que aparecem nos escritos de Lima Barreto revelam aspectos relevantes – muitos deles presentes,e não-resolvidos, até hoje – do cenário educacional do Brasil nas primeiras décadas do século XX. A se observar que até então, o pensamento educacional expressava-se por meio de reflexões sociopolíticas, realizadas por publicistas veiculadas especificamente pela imprensa – somente a partir da década de 1920 apareceram teóricos e educadores profissionais.
Cabe estranhar, nesse particular, a ‘ausência’ de literatos e intelectuais numa agenda de dedicação a questões educacionais, uma vez se considerar que por esse tempo, inerente a recém implementação da República, a intelectualidade brasileira, em sua quase totalidade, abolicionista,liberal-democrata, encontrava-se em sua grande maioria imbuída do afã de modernização do país.
Daí a importância das precursoras apreciação e reflexão de Lima Barreto – por meio de artigos,crônicas, referências e menções em contos e romances -- sobre a educação no País, (inclusive no inerente à mulher) , nas primeiras décadas do século XX , formulando uma crítica , ainda que de forma assistemática, à organização da educação escolar, à qualidade do ensino e deficiências dos currículos escolares, às formação e desempenho de professores, ao “bacharelismo”, à incompetência ,em suma à política educacional brasileira então em vigor.
Lima Barreto oferece uma crítica clara à inadequação do ensino à realidade brasileira, pela falta de um programa que propiciasse uma efetiva formação técnica, ou pela importação de modelos que não respondiam às necessidades nacionais. No seu olhar para a educação brasileira à época, Lima -- atento aos mecanismos educacionais imbuídos nos processos sociais -- sobretudo incorpora e propõe-se a exprimir a própria concepção política de Educação, em que esta teria como finalidade tanto o crescimento do homem em si quanto concomitantemente contribuir para a transformação da sociedade.
Todo arsenal crítico de Lima Barreto à educação escolar condensa-se – até mais do que ao caráter elitista do sistema escolar brasileiro -- na questão da sua má qualidade, da sua fragilidade e superficialidade. As consistência, veemência, acuidade e discernimento de seu enfoque o colocam, indiscutivelmente, na vanguarda da crítica social produzida em sua época e o diagnóstico que elabora da formação escolar de sua época antecipa as questões básicas que especialistas e teóricos da educação iriam acentuadamente,e formalmente, apontar, em 1932, no “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova: ao povo e ao governo”.

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